A comissão da verdade anunciada pela presidente Dilma causa profunda reflexão sobre sua relevância. Certamente, irão me criticar, porém, embora esteja ciente da complexidade do tema, me incomoda o fato de até hoje estarmos aprisionados numa espécie de ditadura não militar, na qual por vezes temos o direito de ir e vir violado, além de tantas outras situações de desrespeito à cidadania.
Diante de tantas mazelas atuais, direcionar esforços para apuração de algo acontecido num outro contexto do Brasil e do mundo não me parece prioritário. Ao que tudo indica houve tortura, abuso de poder e intransigência por parte dos militares. Por outro lado, houve seqüestros, luta armada, violência e anarquia pela outra parte. Não nos cabe o juízo de valor, pois ambos tiveram seus equívocos, excessos e razões.
A luta foi pela democracia, mas ela realmente existe como foi sonhada? A perda dos velhos valores e, em muitos casos, a falta de regras, em nome da liberdade de expressão tem funcionado?
A violência e a marginalidade de hoje nos impõem uma ditadura, nos tirando direitos básicos. O pobre ainda é preso pelo roubo de uma manteiga e empresários e políticos, membros de verdadeiras quadrilhas que “brincam” com o dinheiro público, ainda driblam a justiça e se mantêm livres.
Talvez seja justo para alguns saber detalhes do que houve durante os 20 anos do militarismo no poder. Respeito. Mas e hoje? E nossos políticos e o Poder Público, como andam? E as mortes diárias por falta de saúde, o desemprego, a insegurança...que comissão está apurando isso? O fato é que a ditadura de outrora ainda existe, disfarçada de uma equivocada democracia na qual falta ordem e respeito ao cidadão.
*Advogado criminalista
EXTRAIDO :JORNAL A VOZ DA CIDADE 07.06.2012
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